Pablo Ruiz Picasso
1881-1973
1881-1973
A monumental obra de Picasso -- que inclui desenho, pintura, gravura, escultura, colagem e cerâmica -- permanece tão viva quanto sua lenda. Durante quase oitenta de seus 91 anos de vida, Picasso dedicou-se a um trabalho que se confunde com a evolução da arte moderna e marcou a produção artística do Século 20. |
Entre 1900 e 1904 dividiu o tempo entre Barcelona, Madri e Paris, onde acabou por se instalar no célebre ateliê conhecido como Bateau Lavoir, em que também trabalharam Juan Gris, Van Dongen e outros.
Entre 1905 e 1910, já desfrutava de prestígio em Paris, graças ao reconhecimento do poeta Guillaume Apollinaire, do marchand Henry Kahnweiler e da escritora americana Gertrude Stein, a quem retratou.
Nos anos mais importantes do cubismo, de
Com o amigo Jean Cocteau, viajou em 1917 para a Itália, onde fez os cenários e figurinos do balé Parade, com música de Erik Satie e coreografia de Serguei Diaghilev.
Nas três primeiras décadas do século, seu talento expressou-se em quase todos os campos da arte e em numerosas fases de tendência ou estilo, cuja evolução se mostrou na grande retrospectiva apresentada em Paris em 1932.
Durante a guerra civil espanhola, apoiou a causa republicana e em 1937 pintou "Guernica", uma de suas obras-primas.
Na segunda guerra mundial, presenciou a ocupação alemã retirado no trabalho de seu ateliê em Paris.
Após a liberação, aderiu em 1944 ao partido comunista e criou o símbolo internacional da paz. Em 1945 uma grande exposição reuniu suas obras em Londres, ao lado das de Matisse. Na época, Picasso já era o artista mais prestigiado do mundo e de maior influência entre seus contemporâneos.
Em 1958 pintou o grande painel mural para a sede da UNESCO,
Antes disso se casara, em 1918, com Olga Kokhlova (com quem teve um filho, Paulo), em 1931 com Marie-Thérèse Walter (com quem teve uma filha, Maya), em 1936 com Dora Maar e em 1943 com Françoise Gilot (com quem teve dois filhos, Claude e Paloma).
Evolução da obra
A obra de Picasso se caracteriza precisamente pelo intenso dinamismo das mudanças de estilo e da busca incessante de novas formas e soluções. São traços comuns, no entanto, de todas as fases e experiências o domínio pleno -- ou virtuosístico -- de todas as técnicas e materiais; o humor sarcástico, voltado sempre para a deformação e a caricatura; e o próprio gosto de transformar as coisas, como a si mesmo. Picasso é antes de tudo o gênio das metamorfoses, virtuose e comediante permeável às inquietações do momento, sem romper nunca a espinha dorsal de seu individualismo.
O trabalho de Picasso compreende quase todos os campos das artes plásticas, mas foi principalmente a pintura que o tornou célebre. Sua obra inicial, produzida entre 1894 e 1899, é realista. Com as primeiras visitas do pintor a Paris, assimila influências de Toulouse-Lautrec e outros.
Sucedem-se, de
Em 1907 "Les Demoiselles d'Avignon" inicia um novo caminho em que já se esboça o cubismo, enquanto, paralelamente, a escultura africana influencia a contínua pesquisa das deformações expressivas.
Entre 1910 e 1912, as representações do "cubismo analítico" atingem o máximo da abstração picassiana. Suas colagens, em 1913, incorporam materiais até então estranhos ao quadro, como em "Violino, garrafa, copo", e aos poucos surge o "cubismo sintético", policromático.
A experimentação cubista desenvolve-se até o final da década de 1920, mas já estilizada, como em "Três máscaras de músico", de 1921, ou em "Compoteira e violão", de 1924.
As fases seguintes são de tendências diversas, que incluem reiterações do cubismo, distorções figurativas entre o cubismo e o expressionismo como em "Mulher sentada", de 1942 e, em tudo, um vigoroso repúdio à guerra e à violência, como na tela "O ossuário", de 1944-1948, ou nos murais para a capela de Vallauris, "Guerra" e "Paz", de 1952.
Outras artes
Ainda que mais celebrado como pintor, Picasso realizou imensa obra como desenhista, escultor, gravador e ceramista. Seu desenho e gravura não ficam longe da criação pictórica. Há os desenhos inteiramente acabados ou de puro esquematismo.
Na série "O touro", entre 1945 e 1946, disseca a imagem realista do animal até seu esqueleto estritamente linear, e nos bicos-de-pena sobre Dom Quixote encontra a essencialidade da sugestão e do movimento. A liberdade de imaginação e de humor -- ora malicioso, ora grotesco -- explora desde a mitologia clássica a pequenos flagrantes do cotidiano.
A consciência política também tem seu lugar nessa arte meticulosa que, depois da genial "Minotauromachie" (1935), articulou a série "Sonho e mentira de Franco", de 1937.
A partir de então, registraram-se constantes convites à ilustração de livros, aos quais o mestre acedeu com a mesma agudeza e vitalidade, como nas águas-fortes para novas edições de Le Chef-d'oeuvre inconnu (A obra-prima desconhecida) de Balzac, em 1927, das Metamorfoses de Ovídio, em 1930, e da Histoire naturelle, générale et particulière (História natural, geral e particular), de Buffon, em 1942.
Na escultura picassiana, são determinantes as influências da arte primitiva -- africana e pré-colombiana -- e do estilo clássico. As soluções são às vezes de cunho construtivista e às vezes de um envolvente expressionismo figurativo, como em "A cabra", de 1950.
Na cerâmica, o artista mostra essa mesma oscilação entre modelos gregos e fontes primitivas. De versatilidade inesgotável, a obra de Picasso oferece o panorama vertiginoso de uma permanente movimentação.
Sua unidade, porém, foi solidamente construída sobre constantes quase inalteráveis, em que sobressai a liberdade formal. Seu testemunho é o da definitiva libertação da forma na criação artística.
Picasso morreu em Mougins, perto de Cannes, em 8 de abril de 1973.
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
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