segunda-feira, 23 de setembro de 2013

REFLEXÕES
José Antônio da Silva Barros
Ao iniciar o primeiro capítulo de seu livro A Era do Consenso no qual procura enfatizar a necessidade de mudanças no cenário mundial e, ao mesmo tempo, a construção de um novo arcabouço sobre o qual possa funcionar um sistema comercial justo e a instituição de um parlamento mundial, George Monbiot cita o romance de Michel Houellbecq, Partículas Elementares onde fala de “mutações metafísicas” que contribuíram decisivamente para mudar a maneira de pensar das pessoas.
Tão logo uma mutação metafísica surge, caminha inexoravelmente para sua conclusão lógica. Impudentemente, derruba sistemas econômicos e políticos, bem como ponderações éticas e estrutura sociais. Nenhum agente humano é capaz de impedir o seu avanço; somente outra mutação metafísica o conseguiria.
Se consultarmos os anais da história, veremos que estes acontecimentos que foram cruciais para mudar o rumo da humanidade ocorrem raramente. Os exemplos que podem ser citados são o surgimento e a difusão do cristianismo, do iluminismo e o advento da ciência, segundo o autor.
Ao longo do livro George Monbiot enumera uma série de entraves que tem impedido que essas mudanças aconteçam, mas, acredita que estamos na iminência do surgimento de mais uma dessas mutações. Procura chamar atenção para o fato de que as mutações não acontecem por si só. Precisam ser catalisadas como fizeram os primeiros cristãos e o surgimento do iluminismo pelos cientistas considerados heréticos, ou seja, exige a participação efetiva de todos. Este é o momento azado para nos tornarmos os catalisadores da nova mutação. É evidente que iremos encontrar resistência, porem, não podemos ficar inativos ou presos pela inércia, principalmente num momento em que o clamor da população se faz ouvir nas ruas e os jovens estão ávidos por mudanças no comportamento da sociedade, das autoridades e das instituições.
MUTATIS MUTANDIS, é o que precisa ser feito de imediato no campo da educação. Portanto, começamos por sustentar, que a educação é indubitavelmente a pedra angular do desenvolvimento. Nenhuma nação que se preza pode relegar ao segundo plano a educação do seu povo, uma vez que é fator indispensável ao desenvolvimento econômico, social e cultural de qualquer país. Por isso, não podemos prescindir da educação, porque se assim o fizéssemos, estaríamos condenados a mergulhar na barbárie.
Já se foi o tempo em que os povos não necessitavam de muitos conhecimentos. O domínio das técnicas de semear, criar e colher eram suficientes para sua sobrevivência. Os conhecimentos mais sofisticados eram reservados as elites e as classes dominantes. Entretanto, hoje mais do que nunca, com advento da industrialização e do progresso vertiginoso em todos os campos do conhecimento humano, torna-se imprescindível uma gama cada vez maior de conhecimentos, sem os quais é praticamente impossível o homem adaptar-se a sociedade hodierna.
Vale ressaltar que a educação é mais do que um direito fundamental do homem. Trata-se, efetivamente, de uma exigência, a fim de que os povos, mormente os que se encontram inseridos no rol dos subdesenvolvidos possam acompanhar o progresso da ciência e da tecnologia, base de qualquer desenvolvimento.
Depois dessas rápidas digressões, queremos tecer algumas considerações sobre a carreira de professor.
A carreira de professor é ingrata. A tarefa de ensinar é ingente. Muitos a consideram como um sacerdócio e dizem que, como tal, deve ser exercida. As queixas são muitas, principalmente no que concerne a falta de perspectiva de crescimento profissional, remuneração digna, plano de carreira, equiparação com outras profissões que exigem o mesmo grau de especialização, entre outras. A despeito de tudo isso, ainda é uma profissão que sob certos aspectos é gratificante, pois nos permite libertar os espíritos que se acham mergulhados na ignorância e iluminar a consciência de seres que ainda se encontram em formação. A nossa responsabilidade aumenta quando sabemos que temos a nossa espera um contingente cada vez maior de indivíduos que precisam do nosso concurso.
Constitui verdadeiro truísmo dizer do valor que caracteriza a atuação dos professores nos quatro cantos do país. Essa assertiva vem sendo reconhecida por alguns setores da sociedade que proclamam a necessidade de permanente apoio a este instrumento essencial ao desenvolvimento. Em verdade, são grandes as dificuldades com que se deparam os professores, mormente no que tange a recursos para desenvolver a contento o seu trabalho.

Com o advento do estado moderno, procura-se cada vez mais garantir uma educação de qualidade, pois, deparamo-nos, na atual conjuntura, como uma nova ordem mundial na qual vários conceitos sofreram mudanças radicais, principalmente o de competência profissional. Isso implica em formar profissionais capazes de assimilar a complexidade do mundo moderno. O ato de ensinar não pode deixar de acompanhar essas mudanças num mundo onde as inovações tecnológicas se sucedem numa velocidade vertiginosa. O professor como o principal agente no processo educacional precisa acompanhar pari passu essas inovações. E evidente que somente recursos tecnológicos não bastam. E de capital importância recursos humanos, ou seja, profissionais comprometidos não somente com os conhecimentos específicos de sua área, mas também com a cultura e as coisas do espírito o que – diga-se de passagem – é extremamente difícil, uma vez que vivemos numa sociedade que se caracteriza pelo hedonismo e pelo consumismo exacerbado, o que contribui de certa forma para a alienação e o estado de letargia da sociedade atual que assiste passivamente a todos os desmandos dos nossos governantes.

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