REFLEXÕES
José
Antônio da Silva Barros
Ao iniciar o primeiro capítulo de seu livro A Era do
Consenso no qual procura enfatizar a necessidade de mudanças no cenário mundial
e, ao mesmo tempo, a construção de um novo arcabouço sobre o qual possa
funcionar um sistema comercial justo e a instituição de um parlamento mundial, George
Monbiot cita o romance de Michel Houellbecq, Partículas Elementares onde fala
de “mutações metafísicas” que contribuíram decisivamente para mudar a maneira
de pensar das pessoas.
Tão logo uma mutação metafísica surge,
caminha inexoravelmente para sua conclusão lógica. Impudentemente, derruba
sistemas econômicos e políticos, bem como ponderações éticas e estrutura
sociais. Nenhum agente humano é capaz de impedir o seu avanço; somente outra mutação
metafísica o conseguiria.
Se consultarmos os anais da história, veremos que estes
acontecimentos que foram cruciais para mudar o rumo da humanidade ocorrem
raramente. Os exemplos que podem ser citados são o surgimento e a difusão do
cristianismo, do iluminismo e o advento da ciência, segundo o autor.
Ao longo do livro George Monbiot enumera uma série de
entraves que tem impedido que essas mudanças aconteçam, mas, acredita que
estamos na iminência do surgimento de mais uma dessas mutações. Procura chamar
atenção para o fato de que as mutações não acontecem por si só. Precisam ser
catalisadas como fizeram os primeiros cristãos e o surgimento do iluminismo
pelos cientistas considerados heréticos, ou seja, exige a participação efetiva
de todos. Este é o momento azado para nos tornarmos os catalisadores da nova
mutação. É evidente que iremos encontrar resistência, porem, não podemos ficar
inativos ou presos pela inércia, principalmente num momento em que o clamor da
população se faz ouvir nas ruas e os jovens estão ávidos por mudanças no
comportamento da sociedade, das autoridades e das instituições.
MUTATIS MUTANDIS, é o que precisa ser feito de imediato
no campo da educação. Portanto, começamos por sustentar, que a educação é
indubitavelmente a pedra angular do desenvolvimento. Nenhuma nação que se preza
pode relegar ao segundo plano a educação do seu povo, uma vez que é fator
indispensável ao desenvolvimento econômico, social e cultural de qualquer país.
Por isso, não podemos prescindir da educação, porque se assim o fizéssemos,
estaríamos condenados a mergulhar na barbárie.
Já se foi o tempo em que os povos não necessitavam de
muitos conhecimentos. O domínio das técnicas de semear, criar e colher eram
suficientes para sua sobrevivência. Os conhecimentos mais sofisticados eram
reservados as elites e as classes dominantes. Entretanto, hoje mais do que
nunca, com advento da industrialização e do progresso vertiginoso em todos os
campos do conhecimento humano, torna-se imprescindível uma gama cada vez maior
de conhecimentos, sem os quais é praticamente impossível o homem adaptar-se a
sociedade hodierna.
Vale ressaltar que a educação é mais do que um direito
fundamental do homem. Trata-se, efetivamente, de uma exigência, a fim de que os
povos, mormente os que se encontram inseridos no rol dos subdesenvolvidos
possam acompanhar o progresso da ciência e da tecnologia, base de qualquer
desenvolvimento.
Depois dessas rápidas digressões, queremos tecer algumas
considerações sobre a carreira de professor.
A carreira de professor é ingrata. A tarefa de ensinar é
ingente. Muitos a consideram como um sacerdócio e dizem que, como tal, deve ser
exercida. As queixas são muitas, principalmente no que concerne a falta de
perspectiva de crescimento profissional, remuneração digna, plano de carreira,
equiparação com outras profissões que exigem o mesmo grau de especialização,
entre outras. A despeito de tudo isso, ainda é uma profissão que sob certos
aspectos é gratificante, pois nos permite libertar os espíritos que se acham
mergulhados na ignorância e iluminar a consciência de seres que ainda se
encontram em formação. A nossa responsabilidade aumenta quando sabemos que
temos a nossa espera um contingente cada vez maior de indivíduos que precisam
do nosso concurso.
Constitui verdadeiro truísmo dizer do valor que
caracteriza a atuação dos professores nos quatro cantos do país. Essa assertiva
vem sendo reconhecida por alguns setores da sociedade que proclamam a
necessidade de permanente apoio a este instrumento essencial ao
desenvolvimento. Em verdade, são grandes as dificuldades com que se deparam os
professores, mormente no que tange a recursos para desenvolver a contento o seu
trabalho.
Com o advento do estado moderno, procura-se cada vez mais
garantir uma educação de qualidade, pois, deparamo-nos, na atual conjuntura,
como uma nova ordem mundial na qual vários conceitos sofreram mudanças
radicais, principalmente o de competência profissional. Isso implica em formar
profissionais capazes de assimilar a complexidade do mundo moderno. O ato de
ensinar não pode deixar de acompanhar essas mudanças num mundo onde as
inovações tecnológicas se sucedem numa velocidade vertiginosa. O professor como
o principal agente no processo educacional precisa acompanhar pari passu essas
inovações. E evidente que somente recursos tecnológicos não bastam. E de
capital importância recursos humanos, ou seja, profissionais comprometidos não
somente com os conhecimentos específicos de sua área, mas também com a cultura
e as coisas do espírito o que – diga-se de passagem – é extremamente difícil,
uma vez que vivemos numa sociedade que se caracteriza pelo hedonismo e pelo
consumismo exacerbado, o que contribui de certa forma para a alienação e o
estado de letargia da sociedade atual que assiste passivamente a todos os
desmandos dos nossos governantes.
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