segunda-feira, 19 de novembro de 2012


Negros precisam se esforçar mais para chegar à classe média

04/11/2012
Pesquisa da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), que aponta população negra como maioria na classe média, foi debatida na SEPPIR em mais um encontro da série Rodas de Conversa
“O negro precisa ter maior escolaridade e trabalhar mais horas que o não negro  para sair da classe baixa e conseguir chegar à classe média”, afirmou o subsecretário da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR), Ricardo Paes de Barros, com base no Projeto Vozes da Classe Média. O estudo, realizado pela SAE/PR, foi tema de mais uma edição da série Rodas de Conversa, promovida pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), na última quinta-feira (26).
A secretária adjunta de Avaliação e Gestão da Informação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Paula Montagner, participou da mesa, abordando o papel das políticas públicas a partir dos novos números do estudo da SAE.
Segundo Barros, os negros teriam ascendido mais rapidamente ao longo dos últimos 10 anos, caso tivessem maior escolaridade, ao contrário dos não negros que ocupam a classe média e possuem menor nível escolar. “O esforço que o negro tem que fazer para sair da classe baixa e chegar à classe média é muito maior que o esforço do não negro. O negro precisa estudar mais, trabalhar mais e ter mais adultos ativos na família para conseguir fazer esse movimento”, enfatizou.
De acordo com o projeto Vozes da Classe Média, há um equilíbrio nessa camada da população brasileira, formada 53% por negros e 47% por brancos e amarelos. Mas de acordo com o subsecretário, o número não significa a erradicação da desigualdade racial, uma vez que os negros compõem 69% da classe baixa e representam apenas 31% da classe alta, no que se refere à contribuição dos grupos socioeconômicos para a formação da classe média.
“Há de se observar que os negros representam quase 80% do aumento na classe média, o que, ao mesmo tempo, revela o quanto os negros estavam defasados em relação à população branca. Enquanto o negro comemora a entrada na classe média, o branco comemora a entrada na classe alta”, explicou Barros. O subsecretário também ressaltou que grande fatia do mercado informal é ocupada pelos negros, os quais recebem quase metade da remuneração recebida por um não negro.
De acordo com a representante do MDS, os novos dados indicam que as iniciativas governamentais voltadas para a população mais pobre, como transferência de renda, começam a surtir efeito. Montagner ressaltou que a discussão sobre a classe média põe novas cartas na mesa e obriga o governo a pensar melhor nas ações direcionadas para esse segmento. “Não somos uma sociedade homogeneizada, não há como fazer uma política pública única que beneficie toda a população”, afirmou a secretária.
Montagner também alertou que existe uma dificuldade em discutir classe média quando o assunto é juventude. “Os filhos dessa classe trabalham e estudam. Na escola, ainda estão chegando tardiamente, se dedicando intensamente ao trabalho. Devemos dar condições para que essa juventude possa se dedicar somente aos estudos, acumulando credenciais que no futuro lhes permitam trilhar uma carreira profissional”, concluiu.

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